segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Crítica

A crítica, disse Addison, é um tributo que todo o candidato á celebridade tem de pagar ao público. Querer subtrair-se a ela, por mui subido merecimento que haja, é loucura, não poder tolerá-la, é fraqueza.

Os mais insignes personagem da antiguidade, e podemos acrescentar, que os de todos os séculos, estiveram sujeitos á critica. Contra ela só na obscuridade há refúgio.

É uma espécie de condição inevitável de toda a proeminência, quase como as invectivas eram, entre os romanos, uma parte essencial de triunfo.

Os Políticos e os Demónios

Já houve tempos, disse o padre António Vieira, num dos seus sermões, em que os demónios falavam ao mundo, e o mundo escutava. Mas depois que ouviu os políticos, ainda o mundo está pior.

O Hipócrita

O hipócrita, disse o Padre Bernardes (Nova Floresta), “é uma santo pintado, tem as mãos postas, mas não ora; o livro na mão mas não lê; os olhos no chão, mas não se desestima.”

“É hipócrita o mercador, que dá esmola em publico, e leva usuras em oculto; é hipócrita; é hipócrita o sacerdote, que sendo pontual e miúdo nos ritos e cerimónias, é devasso nos costumes; é hipócrita o julgador, que onde falta a esperança do interesse, é rígido observador do direito; é hipócrita o prelado, que diz que faz o seu ofício por zelo e glória de deus, não sendo senão pela honra e glória própria; hipócrita é o que não emenda em si o que repreende nos outros; o que cala como humildade, não calando senão como ignorante; o que dá como liberal, não dando senão como avarento solicitador das suas pretensões; hipócrita é o que jejua como abstinente, não se abstendo senão como miserável.”